segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Simples e Assustador

Os Estranhos é baseado em um crime ocorrido em uma casa de veraneio em 2005. Mas não ocorreu nenhum assassinato nesse caso. O roteirista e diretor estreante Bryan Bertino escreveu o filme condensando uma série de outros crimes que realmente aconteceram. O filme fez um sucesso razoável nos cinemas americanos, custando míseros 10 Milhões e arrecadando 54 Milhões somente na América do Norte.

Logo na primeira cena somos apresentados a ao casal James (Scott Speedman) e Kristen (Liv Tyler), que voltam de uma festa e pelo clima pesado entre os dois, parece não ter acabado nada bem. Eles passam a noite numa casa de veraneio emprestada por um amigo. Pouco tempo depois uma garota bate na porta perguntando por uma tal Tamara. A partir daí começam barulhos, figuras mascaradas ameaçadoras tentam invadir a casa.

O filme é uma sucessão de sustos bem construídos, sem recorrer à sadismo ou rios de sangue. E uma das coisas mais inquietantes de Os Estranhos é que nunca se vê os rostos dos atacantes do casal, nem mesmo quando eles tiram as máscaras. Simples assim, sem poderes, sem sobrenatural, apenas brincando com nossos medos. O final assustador deixa uma ponta escancarada para uma possível continuação, que inclusive já foi anunciada.
Clique aqui para assistir ao trailer (legendado)

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Vampiros Teen

Crepúsculo é o primeiro volume da série de quatro livros escrita pela americana Stephanie Meyer. Lançado em 2005 nos EUA, o livro é um sucesso absoluto de vendas e já chegou a marca de 5 Milhões de exemplares em todo mundo, além de ocupar por vários meses o topo da lista dos mais vendidos de jornais importantes como o The New York Times e o Wall Street Journal, e ainda foi nomeado o livro da década pela Amazon.com.

O livro narra a história de Bella Swan, que se muda de Phoenix para a melancólica Forks, para viver com o pai divorciado. E passa por toda adaptação quando alguém se muda para um lugar novo, nova escola, novos colegas, tudo isso contado em primeira pessoa, em tom de confidência ao leitor, como se fosse um diário.

Na escola ela conhece o misterioso Edward, e fica fascinada pela beleza do rapaz, mas ele sempre sombrio não dá a mínima. Mas um incidente acaba os aproximando e Bella passa a investigar o rapaz, o que ela não esperava é que se apaixonaria por um vampiro.

Crepúsculo não é um livro ruim, é um romance bem escrito, movimentado e envolvente, mas quem está acostumado com vampiros sensuais e sedentos por sangue dos livros de Anne Rice, pode se decepcionar, pois as criaturas idealizadas por Meyer andam normalmente a luz do dia, só bebem sangue de animais e são um tanto castos demais. Afinal de contas trata-se de um romance adolescente, para adolescentes.

O romance foi adaptado paro o cinema recentemente pela diretora Catherine Hardwicke (Aos Treze) e apenas no primeiro fim de semana faturou mais de 70 Milhões de Dólares. O dobro do seu modesto orçamento, sendo que arrecadou 35 Milhões somente no primeiro dia de exibição.
A produção estréia no Brasil dia 18 de Dezembro e também não deve fazer feio por aqui. A gorda bilheteria fez com que a continuação Lua Nova (já lançada por aqui) tivesse sinal verde e o roteiro já está sendo escrito.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Levemente Inferior



A escolha de Daniel Craig para interpretar 007 causou muita polêmica desnecessária, a maior bronca era por terem escolhido um Bond loiro com cara de poucos amigos. E ainda mais os produtores reiniciaram a série a partir do primeiro livro de Ian Fleming. Mas após a estréia de Cassino Royale muitos dos que criticaram acabaram morrendo de amores pela “reinvenção” do personagem que o tornou mais humano.

E a maior surpresa da seqüência foi a escolha de Marc Forster, diretor conhecido por filmes sensíveis e dramáticos como Em Busca da Terra do Nunca e o recente O Caçador de Pipas, mas o diretor não decepcionou nas cenas de ação, mas o grande problema do filme é o roteiro insosso escrito por Paul Haggis (Crash, No Vale das Sombras), Neal Purvis e Robert Wade (autores do roteiro de Cassino Royale).

Quantun Of Solace (a distribuidora não conseguiu uma tradução decente) inicia alguns minutos depois dos eventos de Cassino Royale, é a primeira vez em que um filme da série tem uma continuação direta. E já começa movimentado, somos tomados por uma eletrizante perseguição de carros na Itália antes dos já tradicionais créditos iniciais com silhuetas femininas, ao som da fraca Another Way to Die escrita por Jack White do White Stripes e interpretada por ele e Alicia Keys.

Após a perseguição presenciamos o interrogatório do Sr. White (Jesper Christensen) para saber para quem ele trabalha, mas como em todo filme de James Bond há uma traição e M (Judi Dench, interpretando a personagem pela sétima vez) quase é assassinada. Então o agente descobre pistas que levam a Dominique Greene (o francês Mathieu Amalric), empresário envolvido com filantropia, mas com intenções nem um pouco nobres.

O grande defeito de Quantum of Solace é a sua trama, demasiadamente focada no desejo de vingança de Bond que acaba se tornando enfadonha e o filme se sustenta nas eletrizantes cenas de ação ao redor do mundo. E como em todo filme da série não podia faltar uma bela Bond Girl, Camille (a Ucraniana Olga Kurylenko) uma mulher forte e que também busca sua própria vingança. Apesar dos problemas é um filme divertido, mas levemente inferior a Cassino Royale.

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segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Caos Branco

Ensaio Sobre a Cegueira é uma adaptação cinematográfica do livro homônimo escrito pelo português José Saramago. Muitos consideravam a obra como impossível de se filmar, pela complexidade do texto, mas o brasileiro Fernando Meireles encarou a tarefa e provou o contrário, dirigindo um filme excelente.

Tão bom que foi aprovado até pelo autor do livro, ele inclusive chegou a declarar que agora sabia como são os rostos dos personagens que havia criado. Um dos aspectos mais interessantes da fita é que nada tem nome, nem o lugar onde a estória se passa nem os personagens.

O filme se inicia com um personagem (Yusuke Iseya) perdendo a visão no meio do trânsito, ele é levado pra casa por um desconhecido (Don McKellar, também autor do roteiro) e consulta um oftalmologista (Mark Ruffalo) que não detecta nenhuma causa para a perda repentina da visão e não demora pra que esse surto passe a atacar o restante da população. Sem distinções, exceto uma pessoa, a mulher do médico (Julianne Moore, excelente) que finge não enxergar para poder acompanhar o marido. O mais curioso disso tudo é ao invés de negra como a cegueira normal, os afetados enxergam tudo branco.

Então o governo coloca os infectados em quarentena, numa espécie de manicômio desativado para que a doença não se espalhe ainda mais. Imagine um local fechado repleto de gente que não enxerga nada, sem banho, nem condições de higiene. Não demora muito para que surjam também os conflitos, o arbitrário Rei da Camarata 3 (Gael Garcia Bernal) tenta dominar os outros pavilhões, pois conseguiu se apossar de todo o estoque de mantimentos e chantageia os outros internos.

A situação chega ao ponto de exigir que todas as mulheres façam sexo com ele e seus companheiros em troca dos mantimentos, uma das cenas mais perturbadoras do filme, mesmo suavizada após reclamações do público nas sessões teste, não perdeu o impacto.

Outro ponto que deve ser destacado na produção é a ótima fotografia de César Charlone, que já havia trabalhado com o diretor em Cidade de Deus. Ora desfocada, ora em tons em branco e cinza, esses efeitos acabam ofuscando o expectador e dando a sensação de desconforto e empatia com a dificuldade dos personagens. Sem dúvida, Ensaio Sobre a Cegueira é um dos melhores filmes do ano.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Análise Crítica do Caso Eloá


O Brasil acompanhou atento o caso do seqüestro da adolescente Eloá acontecido em Santo André, Região do ABC de São Paulo. Este foi o caso de cárcere privado mais duradouro do país, a garota passou mais de 100 horas em poder do seqüestrador, o ex namorado Lindemberg Alvez, 22 anos, que não aceitava o fim do relacionamento, manteve a namorada e mais três amigos dela reféns que se encontravam no apartamento da vítima.

Logo no primeiro dia, o seqüestrador liberou dois adolescentes, já no dia seguinte libertou Nayara, mas essa voltou ao apartamento, pois era um dos pedidos nas negociações, mas acabou sendo mantida prisioneira novamente.
Depois de 100 horas de negociações a polícia resolveu invadir o apartamento, uma das imagens mais marcantes do caso foi o policial subindo por uma escada e invadindo o local através de uma janela. O desfecho do caso não foi dos melhores, Eloá foi morta com dois tiros na cabeça e um na virilha e Nayara saiu ferida por um tiro na boca e a cada dia aumentam as especulações e as contradições sobre o fato. A família de Nayara acusa a polícia, pois não autorizou o retorno da garota ao local do seqüestro e especialistas em segurança criticaram a ação da polícia, que não devia ter autorizado a volta da refém ao cativeiro e a ação precipitada na invasão ao apartamento.
Pelo menos um ato de grandiosidade e amor ao próximo chamou atenção, a família autorizou a doação de órgãos como coração, rins, fígado, córneas, dentre outros. Esses darão uma vida nova a pelo menos sete pessoas, que esperavam na penosa fila de transplantes e a boa ação serve de exemplo a todos nós.

Como se a repercussão do caso já não fosse o bastante, ainda surge mais um caso. Depois da tragédia descobriu-se o pai de Eloá é foragido da justiça de Alagoas por ter matado o irmão de um ex-governador em 1991.

Agora o que nos resta é esperar o resultado da perícia e o fim das investigações que apontarão se o batalhão de ações especiais agiu corretamente ao invadir o apartamento ou não. Mas convenhamos se isso não tivesse acontecido, talvez o seqüestrador nunca tivesse se entregado e a agonia se estenderia até hoje, já que ele mesmo com todas as vantagens não demonstrava nenhuma intenção de se entregar.
Crédito da foto: G1 - Globo.com
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